[RESENHA] Dois Garotos Se Beijando

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DOIS GAROTOS SE BEIJANDO
Autor: David Levithan
ISBN: 9788501102096
Editora: Galera

- cedido pela editora -

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Baseado em fatos reais e em parte narrado por uma geração que morreu em decorrência da Aids, o livro segue os passos de Harry e Craig, dois jovens de 17 anos que estão prestes a participar de um desafio: 32 horas se beijando para figurar no Livro dos Recordes. Enquanto tentam cumprir sua meta — e quebrar alguns tabus —, os dois chamam a atenção de outros jovens que também precisam lidar com questões universais como amor, identidade e a sensação de pertencer.

Já li outros livros com temática homossexual, mas, com certeza, nada como Dois Garotos Se Beijando. Foi uma surpresa quando comecei a leitura e percebi que não se tratava apenas de um casal, mas de vários. A vida desses meninos está interligada de forma surpreendente, mas só percebemos isso ao avançarmos na leitura. O foco está em Harry e Craig, que querem quebrar o recorde mundial de maior tempo se beijando. Eles organizam uma super estrutura e o colégio em que estudam cede a quadra para que eles possam transmitir ao vivo pela internet o beijo do Guiness. Mas a graça toda do livro está em não ser apenas Harry e Craig que quebram recordes. Cada um dos meninos do livro está focado em vencer pequenos desafios, mas não menos importantes: recordes da aceitação pelo que são, recordes da atenção do parceiro, recordes de compreensão por parte dos pais, etc. 

A julgar pelo tamanho, achei que Dois Garotos seria um livro rápido de ler. Na, verdade, achei que a história fosse ser algo bem bobinho e clichê dos dois caras que se conhecem na balada e se apaixonam. Mas a complexidade do livro é infinita e me pegou, definitivamente, na baixa guarda. O livro mexeu comigo porque cada casal mostra uma realidade do universo homossexual. Tem aquele que os pais não sabem que o filho é gay. Aquele que os pais apoiam, aquele que sofre bullying na escola. Aquele que é espancado por ser o que é. E essas realidades são tão reais e, ao mesmo tempo, tão cruéis, que eu precisava respirar um pouco entre a leitura. 

Achei que o autor foi cruel no livro e testou até onde ia o preconceito do leitor. Levithan nos mostra que não existem homossexuais, existem pessoas, como todo mundo. E essas pessoas merecem a felicidade. É triste ver que ainda hoje existe preconceito e o autor escreveu Dois Garotos de uma forma que o leitor pudesse sentir na pele o quão duro pode ser estar na pele daqueles casais. As subtramas de Levithan são tão verossímeis, que poderiam acontecer (e com certeza acontecem), com alguém do seu bairro. 

Outro destaque do livro é a opção pela narrativa em terceira pessoa, com um narrador observador. Na verdade, não se trata de apenas um narrador observador, mas de todo um grupo de pessoas que morreram em decorrência do HIV. É difícil imaginar isso, mas Levithan nos brinda como uma linda apresentação destas “pessoas” e ao longo do livro, eles se tornam intensamente participativos na história. O narrador torce pelos personagens, dá dicas, tenta chamar a atenção, por mais que ele saiba que não pode interferir no destino de cada um deles. 

Essa não foi a minha primeira experiência com o Levithan, mas, com certeza, essa é a melhor obra do autor (o Henrique não concorda com isso!). Profundo e reflexivo, o livro te faz mergulhar na história e promete gerar um mix de sentimentos. O livro prega o amor acima de tudo e a aceitação. Dois Garotos Se Beijando mostra que todos tem o mesmo direito de buscar a felicidade e que o amor é válido independente do gênero. Se eu tenho direito de ser feliz com o meu namorado, porque um garoto não pode sentir esta mesma felicidade que eu sinto com outro garoto? 

E antes que eu me esqueça: essa capa é mais bonita que a original, porque sim e parem de mimimi (o Henrique não concorda com isso também haha).
 

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