[RESENHA] Brutal
BRUTAL
Autor: Luke Delaney
ISBN: 9788568432129
Editora: Fábrica231 (selo da Rocco)
D.I. Sean Corrigan #1
O que levaria alguém a golpear outra pessoa na cabeça e, na sequência, esfaqueá-la 77 vezes? O garoto de programa Daniel Graydon jamais imaginaria que encontraria tamanha perversão nos clientes com quem saía. Mas viu seu fim se aproximar ao ir contra sua regra de ouro: nunca levar os homens para casa. Seu parceiro sexual e algoz, porém, tinha algo de sedutor e era difícil recusar a proposta de uma noite regada a sexo, e muito bem paga. Daniel tornara-se apenas uma das vítimas de um personagem sombrio, cuja pulsão pela morte o levava a matar com regularidade e método. Cada morte representando um passo adiante no aperfeiçoamento da macabra arte de tirar vidas: cruel, dolorosa, limpa e sem pistas. Um desafio para a polícia de Londres e sua divisão de Crimes Graves do Grupo Sul, liderada pelo atormentado detetive-investigador Sean Corrigan. Brutal é o primeiro thriller policial de Luke Delaney, que serviu por muitos anos na polícia londrina investigando crimes diversos, dos cometidos por assassinos em série aos resultados de conflitos entre gangues e máfias. Nos livros de Delaney, Sean Corrigan é o herói que encarna a missão de desvendar mortes e descobrir quem os cometeu, e fazê-los pagar. O violento passado do detetive fez com que ele desenvolvesse a incrível habilidade de reconhecer o mal onde quer que ele esteja. Ele sabe que precisa ser rápido o bastante para evitar que o assassino faça sua próxima vítima.
Engana-se aquele que diz ou pensa que o maior triunfo de um livro é sua capa. Já perdi dias e dias debruçado sobre obras cujas capas eram sugestivas, coloridas ou sabe Deus o que mais e seus conteúdos, passagens secretas do nada para lugar algum. Com Brutal, de Luke Delaney, foi bem diferente. A capa, a meu ver, pouco atraente, convida um leitor muitas vezes desavisado ou desconfiado (o meu caso) a conhecer a história de um crime terrível, investigado pelo detetive Sean Corrigan, um policial assombrado por seus próprios fantasmas, bastante eficaz na prisão de serial killers.
À princípio, a trama me pareceu transcorrer de forma exageradamente lenta e previsível. Mas isso só dura até meados da página 30, quando começamos a prender o fôlego em meio às inúmeras novidades e momentos de tensão. O cenário para a história é o mais perfeito possível para histórias de psicopatas: a obscura e misteriosa Londres. E um aviso aos medrosos de plantão: este livro não é para qualquer um. As atrocidades são narradas de um jeito que fariam até mesmo Conan, o Bárbaro, arrepiar-se.
Meu algo tinha sido escolhido. Nada podia salvá-los agora. Acontecerá exatamente como imaginei. Mas não fique triste por eles: fique triste por eu não ter escolhido você. Depois que minha mão os tocar, eles serão mais na morte do que nunca foram da vida.
Outra particularidade interessante: a obra é narrada em primeira pessoa, do ponto de vista do assassino, e em terceira pessoa, quando necessário, para mostrar as investigações do detetive Sean Corrigan. Como “rato de livraria” que sou, confesso que não me vem à mente nenhum outro livro no qual tenho sido adotada essa postura narrativa, que a meu ver, foi muito eficaz. É claro que as cenas narradas pelo psicopata são as preferidas dos leitores. Para a grande maioria de nós, entrar na mente de uma pessoa capaz de matar e de cometer as maiores atrocidades é algo novo, desconhecido e muito, muito assustador.
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Quando criança, lembro que minha professora de redação da quinta série, uma das maiores responsáveis pelo meu “caso” com os livros, sempre dizia que quando uma história fosse boa, nós a veríamos em nossas mentes, à medida que a leitura fosse avançando. É exatamente assim com a escrita de Luke Delaney, cuja carreira literária me era total desconhecida. Mestre na arte de trabalhar as palavras, os momentos e os medos da mente humana, as mais de quatrocentas páginas transcorrem tão rapidamente, que terminamos a obra com aquele gosto terrível de quero mais.
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