[RESENHA] Diga aos lobos que estou em casa

13:47 11 Comments A+ a-


DIGA AOS LOBOS QUE ESTOU EM CASA
Autora: Carol Rifka Brunt
ISBN: 9788581633923
Editora: Novo Conceito

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1987. Só existe uma pessoa no mundo inteiro que compreende June Elbus, de 14 anos. Essa pessoa é o seu tio, o renomado pintor Finn Weiss. Tímida na escola, vivendo uma relação distante com a irmã mais velha, June só se sente “ela mesma” na companhia de Finn; ele é seu padrinho, seu confidente e seu melhor amigo. Quando o tio morre precocemente de uma doença sobre a qual a mãe de June prefere não falar, o mundo da garota desaba. Porém, a morte de Finn traz uma surpresa para a vida de June – alguém que a ajudará a curar a sua dor e a reavaliar o que ela pensa saber sobre Finn, sobre sua família e sobre si mesma. No funeral, June observa um homem desconhecido que não tem coragem de se juntar aos familiares de Finn. Dias depois, ela recebe um pacote pelo correio. Dentro dele há um lindo bule que pertenceu a seu tio e um bilhete de Toby, o homem que apareceu no funeral, pedindo uma oportunidade para encontrá-la. À medida que os dois se aproximam, June descobre que não é a única que tem saudades de Finn. Se ela conseguir confiar realmente no inesperado novo amigo, ele poderá se tornar a pessoa mais importante do mundo para June. "Diga Aos Lobos Que Estou Em Casa" é uma história sensível que fala de amadurecimento, perda do amor e reencontro, um retrato inesquecível sobre a maneira como a compaixão pode nos reconstruir.
Se eu pudesse descrever este livro em apenas três palavras, elas certamente seriam FASCINANTE, CORAJOSO e ENCANTADOR. Há muito, muito tempo que uma leitura não me prendia de tal forma, que me fizesse correr contra o tempo, lendo até altas horas da madrugada, só para saber o desfecho dessa história tão apaixonante.

A começar pelo título, que é de longe um dos mais sugestivos que já vi, a capa, nada comum, chama a atenção do leitor pelo simples fato de poder ser confundida com um livro qualquer de contos de fadas. Na verdade, estamos diante de uma heroína romântica moderna, de nome June Elbus.

June é uma grande incompreendida que perde, muito jovem, seu melhor amigo no mundo todo: seu tio Finn Weiss. Tímida e muito introvertida, a jovem tem no padrinho, o complemento que sua vida sem graça sempre pedia. Horas e horas de boas conversas, cultura musical altamente intelectual e promessas de que ela, um dia, seria alguém cujo brilho ofuscaria as demais pessoas ao seu redor.
Naquela tarde, nós ficamos sentadas por uma hora e meia enquanto Finn nos pintava. Ele tinha colocado para tocar o Requiem de Mozart, que Finn e eu adorávamos. Embora eu não acredite em Deus, ano passado convenci minha mãe a me deixar entrar no coral da igreja católica da nossa cidade só para poder cantar Kyrie, de Mozart, na Páscoa (...) (p. 14)
June tem um estereótipo bastante comum no meio escolar. Enquanto ela é invisível, sua irmã é super popular e sempre se sobressai em tudo. Na família, as coisas não andam muito bem há algum tempo. Principalmente depois que seu querido tio e amigo Finn, morre vítima de uma doença, da qual muitos preferem nem falar. A dor por ter perdido a única pessoa que a compreendia em todos os sentidos é tanta, que June tem dificuldades imensas para continuar vivendo. Isso, até Toby aparecer.
Toby. Eu sabia o nome do amigo especial. E sabia que ele me ligara do apartamento, mas acho que imaginei que ele encontraria outro lugar para morar (p. 75)
Quando June recebe um misterioso pacote pelo correio, alguns dias depois do funeral do tio, ela descobre que Finn também era a estrela que mais brilhava na vida de mais alguém. E é Toby, o amigo de seu tio, que a ajudará a superar essa terrível dor. O livro em si beira a perfeição. Sobretudo se você tem tendências da segunda geração romântica brasileira nas veias (o meu caso), mas é relevante dizer que os devaneios de June, às vezes, cansam o leitor. E é aí que é preciso coragem e paciência para esperar que o pranto se acalme e a poesia volte a transpirar.
Havia um grande violão vermelho no canto. Havia dois pares de chinelos e dois roupões de banho pendurados sobre uma cadeira. Um deles era o amarelo de Finn. O outro era azul. A cama não estava feita, e tentei adivinhar de qual lado Finn dormia. Depois, ficou óbvio. Um dos criados-mudos tinha dois maços de cigarros vazios, meia garrafa de gim e um papel de embrulho de York Peppermint Pattie (p.192)
A relação de June com sua irmã Greta foi algo que me incomodou bastante. Greta chega a ser uma imbecil em alguns momentos, pela infantilidade com a qual trata sua irmã, mesmo nos momentos mais difíceis da trama. Achei-a insensível, muito próxima da maldade.

Não estamos diante de um livro engraçado, daqueles que você procura para ler num feriado ou na sua folga, mas de uma história reflexível, que faz você repensar sua vida e suas atitudes diante dos problemas. O livro é narrado em torno da relação entre os personagens (até de Finn, que já está morto) e os assuntos mais sérios terminam sendo deixados um pouco de lado.

Por fim, DIGA AOS LOBOS QUE ESTOU EM CASA é uma narrativa de superação, que mostra a luta de duas almas que precisam de ajuda, mas que ainda não têm consciência disso, devido as suas dificuldades e imperfeições. Carol Rifka Brunt escreve sobre família, sentimentos humanos e juventude com muita paixão. Isso foi uma das coisas que mais me encantou neste livro.


11 comentários

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28 de abril de 2014 às 17:00 delete

Eu poderia dizer facilmente, só olhando pela capa, que realmente o livro se tratava de um conto de fadas, e não sei dizer se é exatamente isso, mas acho que o fato de não ser talvez tenha me decepcionado um pouco.
A história parece ser muito boa. E de vez enquanto gosto de ler livros que falam de superação e que tenham uma lição por traz da história. Então vou procurar saber mais desse livro.

Abraços
Vivi

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Unknown
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28 de abril de 2014 às 20:09 delete

Depois que acabei de ler o livro não sei exatamente dizer se gostei ou não dele... achei um tanto arrastado em alguns momentos... flando sempre o mesmo do mesmo... um pouco previsivel nos desfechos. havia momentos que queria terminar logo pra não ter que abandonar... achei algumas coisas até um pouco poetica, mas quando estava me acostumando e ate gostando da historia, acabou.

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29 de abril de 2014 às 07:27 delete

Achei a capa linda, primeiro minha cor favorita é verde... *-* e achei a capa bem chamativa, pelo menos pra mim...
Eu ganhei esse livro... *-* achei a sinopse bem interessante tbm, não sou muito de ler esses livros reflexivos não, mas as vezes eu gosto de variar :D

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Caroline
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29 de abril de 2014 às 08:43 delete

Oiii! Eu já li o livro e gosteei bastante. Principalmente da capa, que assim como você falou confunde como contos de fadas, mas que não tem nada de contos de fadas, depois que iniciei a leitura é que fui entender o pq do título. Eu simpatizei mais com o Finn e o Toby do que com a própria June. Não que eu não tenha gostado dela.
Até a próxima!

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Moniiqueta
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29 de abril de 2014 às 15:01 delete

Oi Rafael,
Muito bonita sua resenha e a forma como descreve o livro.
Quando vi a capa e o nome (não li a sinopse) achei que era algo voltado ao infanto-juvenil confesso mas pelo jeito estou totalmente equivocada. Esse parece ser aquele tipo de leitura que nos faz refletir e perceber a importância do relacionamento entre as pessoas. Não é meu tipo de leitura, mas a forma como você descreve o livro faz os amantes do genero terem certeza da qualidade do material em mãos.

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29 de abril de 2014 às 17:24 delete

Oi Rafa!
Menino, bem interessante o livro, e com uma temática diferente do que estou acostumada.
Gosto de livros que nos façam refletir, mas neste momento, estou numa outra "vibe". Estou preferindo livros leves e divertidos, mas vou querer ler mais para frente!
Otima resenha!

Beijinhos
Sou eu... Pri!

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Alessandra M.
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30 de abril de 2014 às 13:12 delete

Capa linda e uma história apaixonante, não estou acostumada a ler esse gênero, mas se lê-o tenho certeza que não vou me arrepender. Como a Priscila falou, estou numa outra "vibe".

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Victor Rosa
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30 de abril de 2014 às 18:26 delete

Olá Rafael,
havia comentado com o Henrique quero muuuito esse livro e agr depois desse "FASCINANTE, CORAJOSO e ENCANTADOR." e desses quotes eu quero MAIS AINDA!
Adorei a resenha :3
Super Abraço!

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Kris Monneska
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2 de maio de 2014 às 21:44 delete

Rafael, adorei a sua resenha, a forma que descreve o livro nos passa total sinceridade. Eu tinha uma outra ideia do que se tratava esse livro e já o queria ler e agora com tão boa recomendação é que eu quero mesmo.

Até mais!
www.fasciniosliterarios.blogspot.com

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Kris Monneska
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2 de maio de 2014 às 21:45 delete

Olha a cara da sujeita que esqueceu que no CTRL V tava o link de vocês, KKK
Era pra ser esse: Conversas de Alcova

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Ju M
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7 de novembro de 2015 às 10:52 delete

Só pelos adjetivos que você usou para descrever o livro já faz com que eu queira ter ele aqui e agora!
Acho ótimo livros que não são apenas para distrais, mas que nos fazem refletir e depois de lidos deixam marcas em nós.
Esse toque mais poético me atraiu também!

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Obrigado por comentar!