[RESENHA] Irmão Lobo

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IRMÃO LOBO
Autora: Michelle Paver
ISBN: 9788532519450
Editora: Rocco
Crônicas das Trevas Antigas #1

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Torak é um jovem órfão de apenas 12 anos, que vive sozinho na floresta, numa época em que espíritos habitavam cada elemento da natureza. Seu pai acaba de deixá-lo, assassinado pelo temido Urso, cujo espírito estava possuído por demônios do Outro Mundo. Sozinho e longe do seu clã de origem, o Clã do Lobo, Torak só sabe o que seu Pa teve tempo de lhe ensinar. Muito pouco para a missão que teria que cumprir: encontrar a Montanha do Espírito do Mundo e destruir o Urso que ameaçava a vida na floresta, espalhando sangue entre os clãs e acabando com as presas. Torak sabia que um guia iria encontrá-lo, mas jamais imaginou que fosse um jovem lobo, órfão como ele. Mesmo relutante em aceitar o fato de ser seguido pelo filhote e conseguir se comunicar com ele, o jovem caçador entendeu que o animal era o seu guia e que, juntos, enfrentariam os obstáculos do percurso.
A primeira coisa que me chamou atenção neste livro foi a época na qual na história se passa: A Idade da Pedra. É difícil encontrarmos histórias com bons fundamentos, sem que uma boa narrativa se perca com temas batidos como a descoberta do fogo ou os dinossauros, etc. Não é o que acontece com o brilhante livro de Michelle Paver: Irmão Lobo.

O jovem Torak é prematuramente empurrado na direção do difícil e desconhecido terreno da maturidade, quando seu pai é morto covardemente por um urso, logo na primeira cena do livro. Um urso diferente dos demais.
— Ele está...possuído. — O rosto do pai era assustador; ele não parecia mais com o Pa. — Alguns demônios...do Outro Mundo...penetraram nele e o tornaram mau. (p.11)
A maioria dos leitores procura indícios de que o livro será atraente até o fim logo nas primeiras páginas. Comigo, não é diferente. Procurei intensamente por qualquer sinal de que as aventuras de Torak não seriam capazes de prender minha atenção no restante da obra, tampouco nos demais livros que compõem a série. Mordi a língua. E rápido. Michelle Paver tem um jeito único de contar suas histórias. Ela não exagera na descritividade, não abusa do vocabulário rebuscado e dos rodeios entre os personagens e a trama principal. Um exemplo disso é a cena que o protagonista encontra o filho de lobo que será seu guia na difícil jornada que tem início.
No mesmo momento, o filhote parou de ganir e voltou-se abruptamente para encará-lo. Seus olhos estavam desfocados, mas suas compridas orelhas estavam empinadas, e ele farejava o ar. Ele o havia farejado. (p. 22)
O ambiente em que se passa a história é constantemente misterioso, sombrio, desafiador. Há montanhas sem fim e animais das mais variadas espécies (Alguns, eu fui pesquisar na internet, só para ter uma real ideia de como são), e as personagens precisam lutar o tempo todo para sobreviverem aos problemas, ao mesmo tempo em que mantêm uma perfeita relação de respeito e harmonia com a natureza e o meio ambiente em geral.
A boca da caverna estava a cinco passos de distância e era mais larga do que ele se lembrava. A fenda pela qual se espremera durante a descida fora arrombada e, diante dela, encontrava-se Renn, uma pequena e aprumada figura, incrivelmente corajosa, fazendo mira com sua última flecha para a coisa que assomava sobre ela. (p. 156)
Torak tem uma missão: seguir rumo à Montanha do Espírito do Mundo, onde ele encontrará a única entidade capaz de ajudá-lo a vencer o urso e impedir a destruição do mundo pelos demônios. Para isso, no entanto, o garoto tem um prazo muito curto. Ele precisa chegar à montanha antes que um fenômeno astrológico se concretize e torne o urso ainda mais poderoso e invencível.

Michelle Paver nasceu na África Central, mas foi para Inglaterra ainda criança. Com toda a certeza, esse fato é o principal responsável pelo seu belíssimo desempenho na construção desse, digamos, conto de fadas, da Idade da Pedra. As Crônicas das Trevas Antigas chegaram para ficar. Isso se torna claro de imediato. Que venham as continuações!





5 comentários

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Unknown
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31 de março de 2014 às 08:46 delete

As capas dessa série é tão feia que nem vontade de ler os livros, não tenho. A resenha me animou um pouco, mas não acho que comprarei essa série.

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31 de março de 2014 às 14:54 delete

Nossa esse parece ser um tema bem diferente e por esse motivo me interessei ^^.
Vou procurar saber mais, pois sempre é bom ler livros que fogem das histórias que estamos acostumados.
Abraços
Vivi

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2 de abril de 2014 às 15:57 delete

Emanuel, aprendi uma coisa há algum tempo: não julgar um livro pela sua aparência. Uma vez, um amigo me citou a Biblia como exemplo. Capa toda preta ou toda azul, e dentro há as mais belas histórias da humanidade. Torak é um herói e tanto, pois ainda está aprendendo a ser um heroi. Foi o que mais gostei desta história.

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Melissa Leal.
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5 de abril de 2014 às 16:50 delete

A capa poderia ter sido melhor, com toda certeza. Mas, como já citaram aqui, não se pode julgar um livro pela capa. Viu, Sr. Henrique? Você que adora fazer isso.rs Não esta no topo da lista, mas me parece um bom livro.

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Maria Martins
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6 de abril de 2014 às 16:12 delete

Eu li esse livro uns anos atrás. Acho que eu devia ter uns 11 ou 12 anos. Gostei muito do livro na época, mas eu não sei se eu o leria novamente hoje. Mas a sua resenha está muito boa, gostei muito =D

http://refugiorustico.blogspot.com.br/

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